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Como cuidar bem do seu coração.



As doenças do coração compõem um dos principais grupos de doenças responsáveis por morbidade e mortalidade no mundo. Por exemplo, somente no Brasil mais de 300.000 casos de infarto agudo do miocárdio são registrados ao ano. Por isso, o dia 29 de setembro foi eleito pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) para alertar a todos quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento precoces das doenças cardíacas.


Fatores de risco importantes e extremamente comuns – e plenamente controláveis – como sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo do álcool, o uso de drogas ilícitas, hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia (colesterol alto) e diabetes estão diretamente relacionados com a injúria miocárdica, pois sobrecarregam e lesam tanto a musculatura cardíaca quanto os vasos sanguíneos que suprem o coração. Outras doenças como a apneia obstrutiva do sono, doenças da tireoide, doença de Chagas e até mesmo a exposição prévia a alguns medicamentos e quimioterápicos no tratamento do câncer também podem impactar na saúde do coração. Mais recentemente, na Covid-19 (infecção pelo vírus SARS-CoV-2) tem sido frequentemente descritos casos de acometimento cardíaco através da indução de miocardite viral (inflamação do músculo cardíaco) e fenômenos trombóticos que levam à obstrução das artérias coronárias.


Entre os principais sintomas comumente encontrados nas doenças cardíacas e que merecem uma pronta investigação médica são: falta de ar, redução na tolerância aos esforços físicos, inchaço nas pernas, dor ou sensação de opressão no peito, ser despertado durante a noite por falta de ar (chamada de dispneia paroxística noturna) ou até mesmo ao deitar (chamado de ortopneia). Porém, muitas vezes nenhum sintoma pode estar presente, em especial naqueles casos em que a lesão cardíaca ainda é precoce, pois há diversos mecanismos de adaptação que o organismo lança mão antes que seus efeitos sejam sentidos pelo paciente – mas os fatores de risco listados anteriormente certamente já estão presentes e ativos!


Apesar de sua importância, a maior parte dessas doenças pode ser evitada. Conservar bons hábitos de vida como ter uma alimentação saudável, não fumar, consumo consciente do álcool, prática regular de atividades físicas, atentar para a saúde mental e manter uma rotina adequada de sono são fortes fatores protetores e que devem ser estimulados. Investigar e tratar precocemente as doenças que podem lesar o coração – como a hipertensão, o diabetes e a dislipidemia – também devem fazer parte de uma rotina de medicina preventiva.


Nos casos em que já há uma doença cardíaca instalada, ainda assim há muito o que se fazer para se manter a qualidade de vida dos pacientes com Insuficiência Cardíaca e Doença Arterial Coronariana (DAC). Os hábitos de vida saudável devem ser reforçados e, mesmo que existam limitações pelos próprios sintomas da doença, manter uma vida ativa e uma rotina de exercícios físicos regulares deve ser estimulado e adaptado às condições do paciente. Também é importante seguir na investigação e tratamento não só das doenças e fatores contribuintes para a lesão cardíaca, como também no grau de acometimento do coração e demais órgãos correlatos – como pulmão, rim e cérebro – para um tratamento mais eficaz possível.


Do ponto de vista da medicina diagnóstica, diversos exames compõem o arsenal de investigação das doenças do coração. O eletrocardiograma – tanto realizado em repouso quanto durante o esforço físico (o famoso “teste de esteira”) – avalia a condução elétrica do coração e consegue, assim, avaliar diversos aspectos da saúde do coração. O ecocardiograma auxilia na avaliação estrutural e funcional das diversas estruturas que compõem o coração, como o músculo cardíaco (miocárdio), câmaras cardíacas (átrios e ventrículos) e valvas cardíacas. Outros exames mais complexos, como angiotomografia de coronárias, cintilografia miocárdica e o cateterismo cardíaco têm importante aplicabilidade na investigação na circulação coronariana, responsável por suprir o músculo cardíaco com sangue – e que, ao serem obstruídas por placas de gordura e coágulos (trombos), levam ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).

LABORATÓRIO TEM PAPEL ESTRATÉGICO NOS CUIDADOS COM O CORAÇÃO


O laboratório clínico também tem papel de destaque no diagnóstico e no tratamento das doenças cardíacas. Exames laboratoriais frequentemente fazem parte da rotina de investigação: o lipidograma avalia os níveis de colesterol no sangue, orientando o tratamento direcionado da dislipidemia; a dosagem da glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1C), na investigação e tratamento do diabetes; creatinina, parcial de urina e microalbuminúria fazem parte da investigação das doenças renais e das complicações da hipertensão arterial, ambas responsáveis por lesar o coração. Outro exame que merece destaque é a dosagem do BNP e pro-BNP – sigla em inglês para “peptídeo natriurético do tipo B” – cujos níveis elevados são encontrados quando há disfunção do miocárdio. Sua aplicabilidade principal está no diagnóstico diferencial das causas de falta de ar – já que seus níveis estão normais nas doenças não cardíacas – além de servir como ferramenta para avaliação do prognóstico e de acompanhamento do tratamento na insuficiência cardíaca.


Por isso, nesse dia 29 de setembro relembre a importância de cuidar de seu coração. Nunca é tarde para se iniciar uma vida saudável. E, mais importante, cuidar bem do coração é garantir uma vida mais plena e saudável para você e toda sua família.



Artigo escrito pelo Doutor Ricardo Kosop

(CRM/PR 28565 - RQE 19142)

Infectologista e Diretor Médico do LabCK.

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