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Covid Longa: o impacto a longo prazo na saúde dos pacientes.

À medida que o tempo passa e novos estudos são feitos, descobrimos como a Covid-19 é uma infecção complexa e de evolução muito variável – indo desde um quadro assintomático ou leve até mesmo quadros graves com necessidade de hospitalização prolongada e alto risco de mortalidade. Uma condição que passou a ser amplamente estudada diz respeito ao futuro dos pacientes que conseguiram vencer a infecção pelo coronavírus, a chamada “Covid longa”.


Já se sabia que pacientes que passam por hospitalização prolongada e submetidos à ventilação mecânica podem levar semanas ou até meses para recuperar a condição física que tinham antes da doença que motivou o internamento. No entanto, pacientes que tiveram um quadro de Covid leve começaram a relatar sintomas de longo prazo mesmo após estarem curados da infecção.


Assim como a síndrome da fadiga crônica acontece com quem teve infecções virais, os sintomas da Covid longa também apresentam características semelhantes. As queixas mais relatadas vão desde fadiga excessiva, falta de ar, sintomas gastrointestinais, dor de cabeça e dores no corpo até queda de cabelo, distúrbios da atenção e da memória, assim como perda do olfato e/ou paladar. Mas as consequências parecem não parar por aí, o estudo “Survivor Corps”, conduzido na Universidade Indiana, nos Estados Unidos, já registrou uma lista com 50 queixas frequentes vindas dos pacientes que tiveram Covid-19 e que estão sendo acompanhados pelos pesquisadores através da internet.


MAS QUAL PODERIA SER A CAUSA DA COVID LONGA?


Essa é uma pergunta que ainda é um mistério para a ciência, mas alguns caminhos estão sendo seguidos pelos pesquisadores para conseguir indicar qual a real causa da Covid Longa: se seria o caso de uma infecção viral persistente em que fragmentos do coronavírus continuam no corpo provocando uma inflamação constante ou se o vírus desencadeia um mecanismo autoimune que faz com que o sistema de defesa ataque o próprio corpo.


Um estudo recente divulgado pela Universidade de Medicina e Ciências da Saúde RCSI, na Irlanda, trouxe evidências de que pessoas infectadas pelo coronavírus têm níveis de coagulação sanguínea elevados mesmo após os marcadores de inflamação voltarem ao normal, o que pode estar relacionado a alguns dos sintomas de longo prazo, como a fadiga extrema e redução da aptidão física. Os pacientes que precisaram ser hospitalizados possuem maiores níveis de coagulação, mas mesmo os que tiveram a doença de forma assintomática podem apresentar essas alterações.


A VACINAÇÃO COMO PREVENÇÃO E TRATAMENTO


No que diz respeito à vacinação desse grupo de pessoas, um estudo feito no Reino Unido pelo grupo de apoio LongCovidSOS em parceria com as universidades de Exeter e Kent, indicou que 57% dos pacientes apresentaram melhoras nos sintomas após tomarem a primeira dose da vacina, sendo que 70% deles já lidavam com a condição por pelo menos 9 meses. Logo, a vacinação mostra ser uma forma de prevenir não apenas a infecção pelo coronavírus, mas também tratar a Covid Longa.


Vacina auxilia na prevenção da Covid e tratamento da Covid Longa.

A QUEIXA DE QUEM NÃO É LEVADO A SÉRIO


No estudo “Survivors Corps”, citado anteriormente, os pacientes acompanhados queixam-se de terem suas dores e reclamações menosprezadas por familiares e até mesmo médicos. Depois de relatarem sequelas meses após a infecção pelo coronavírus, algumas pessoas são desacreditadas e chegam a ouvir que tudo se trata de uma questão psicológica, um trauma causado pela doença.


Por isso, a conscientização e ampla divulgação de estudos sobre o tema é fundamental tanto para alertar a comunidade de que esse é um problema real quanto para preparar os profissionais da saúde para atender esses pacientes de forma adequada. É importante sabermos que cada organismo reage de uma maneira diferente à infecção e que alguns podem sofrer por mais tempo do que outros.


Ainda não existem respostas para todas as perguntas que envolvem o impacto que a Covid-19 terá a longo prazo na saúde da população, mas estudos estão em andamento para entender mais sobre o tema e desenvolver tratamentos adequados para essa condição que possivelmente ainda será tratada como uma prioridade de saúde pública por um longo tempo.


Referências:





Lopez-Leon, S., Wegman-Ostrosky, T., Perelman, C. et al. More than 50 long-term effects of COVID-19: a systematic review and meta-analysis. Sci Rep 11, 16144 (2021). (https://doi.org/10.1038/s41598-021-95565-8)


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